Agricultura e Agro-Alimentar
Território - BIS

Na análise ao tecido económico da BIS foi evidente o peso do sector agro-alimentar na estrutura empresarial, em especial em Idanha-a-Nova, onde ainda é o principal empregador e aquele que contabiliza o maior número de empresas. Esta importância, que se estende por algumas freguesias de Castelo Branco e Vila Velha de Ródão - Zona Agrária Este e Sudeste da BIS – deriva das condições hidro-agrícolas (regadio - a BIS contabiliza 12.682 ha de área em regadio e 2.453 beneficiários, dos quais ¾ localizam-se Zona Agrária Este e Sudeste da BIS), edafo-climáticas e latifundiárias presentes nesta área geográfica, as quais oferecem interessantes condições de produtividades, e consolidam esta zona agrária no panorama nacional como um território com oportunidades para o desenvolvimento agrícola, suportado sobretudo no desenvolvimento da agricultura biológica (encontram-se registadas na Beira Interior Sul 605 Produções em Modo Biológico num total de 124 produtores –Fonte DGADR, 2015), orientada para produtos tradicionais da Região, optando pela “certificação biológica” ou pela certificação DOP, no caso do azeite e do queijo.

Ao longo de toda a faixa Poente e Norte da BIS, com predomínio do minifúndio, os contributos relativos são aqui diferenciados. As atividades agrícolas são desenvolvidas nos contextos familiares, associados à pluriatividade e plurirrendimento dos agregados, desempenhando um papel nuclear na viabilidade do território, numa ótica de preservação do ambiente e gestão dos recursos naturais, de salvaguarda da ocupação humana e económica das zonas rurais e de inclusão social.

Estamos, pois, na presença de duas realidades distintas que resultam essencialmente da tipologia do relevo e que se expressa nas dimensões das explorações agrícolas, com 43% das freguesias a apresentarem explorações de dimensão média inferior à nacional (-9,4ha/exploração) e, em sentido oposto, 20 freguesias com dimensão superior à media comunitária (+22ha) e, consequentemente, à nacional.

Traçando um quadro geral recorrendo aos dados do último RGA, a SAU da BIS ocupa 140.048 hectares (-29 mil/ha que em 1999), existindo 7.225 explorações (-1.188 que em 1999), ou seja, uma dimensão média de 29,1 ha/exploração (cerca do dobro da média nacional). O volume de mão-de-obra é de 5.963 UTA (volume de trabalho da mão-de-obra agrícola), dos quais 83,4% são UTA familiares (País 80,1% e Centro 89,2%). As explorações com menos de 5ha representam 72% das explorações (% ainda assim inferior à média do país, 75%, e do Centro, 85%) mas apenas 8% da SAU. Em contrapartida, as explorações com mais de 20ha (10% do total de explorações) reúnem 84% da SAU.

O concelho de Idanha nesta equação numérica confirma o seu peso. Concentra 57% do total da SAU da BIS, mas apenas 23% das explorações, o que significa uma dimensão média da SAU por exploração de 47,6ha, sendo que as explorações com mais de 100ha ocupam 80% da área agrícola. As pastagens permanentes representam 62,9%, valor muito acima do verificado nos outros concelhos da BIS (28,5% em Vila Velha de Ródão, 43% em Penamacor e 48,5% em Castelo Branco) e no País (48,7%). Regista uma maior profissionalização pois, pese embora a mão-de-obra agrícola familiar seja também aqui dominante (67,8%), o peso dos trabalhadores assalariados é bastante superior à média do País (19,9%) e do Centro (10,8%),ultrapassando os 32%. Outro dado que reforça esta maior profissionalização do sector no concelho de Idanha-a-Nova é o facto de 69% destes trabalhadores assalariados estarem permanentes, percentagem também muito superior à do País (57%) e do Centro (56%).

A criação de ovinos constitui um dos principais subsectores da atividade agrícola na BIS, contabilizando mais de 150 mil cabeças (7% do total da País) presentes em 1.492 explorações. A criação tem como principal objetivo a produção de leite, com mais de metade das cabeças (57%) constituída por ovelhas leiteiras. Esta expressão assume maior relevo tendo em conta que a média nacional ronda os 20% e o peso das pastagens permanentes no total da SAU ascende aos 55% (em Idanha atinge 63%). A identificação IPG Borrego da Beira, associada à denominação DOP Queijos da Beira Baixa, confirmam esta importância.

Outra área de grande importância na estrutura de produção agrícola da BIS diz respeito ao olival para produção de azeite. Num total de 20.614ha (6,1% do País e 33% do Centro), a área do olival representa mais de 90% do total da área das culturas permanentes, percentagem muito acima do País (49%) e do Centro (57%). Geograficamente a zona Oeste e Sudoeste da BIS e a zona Norte do concelho de Penamacor, são as áreas onde o olival se apresentava como cultura principal. Os declives acentuados e a grande fragmentação das explorações agrícolas (que inviabilizam a prática de grande parte de outras culturas agrícolas) explicam a importância do olival enquanto cultura dominante. O tipo de azeite produzido está integrado na zona DOP Azeite da Beira Baixa, consagração que advém da sua qualidade e especificidade, refletida nos vários prémios nacionais e internacionais. O facto de ser proveniente, quase exclusivamente, de olivais da espécie galega (92%) constitui um dos factores que garantem a especificidade do azeite produzido nesta Região homogénea.

Quanto às culturas temporárias dos 3 mil/ha de SAU (-1.840ha que na década anterior), 96% são ocupadas por culturas forrageiras, nomeadamente milho (40,7%) e aveia (31,8%). Ao nível dos hortícolas destacam-se duas culturas que, embora com menor expressão em termos de SAU, estão bastante enraizadas e com forte tradição: o feijão-frade, na Lardosa e a melancia, no Ladoeiro (uma das principais zonas de produção a nível nacional). As feiras locais organizadas em torno destes dois produtos (a do feijão-frade vai na IX edição e a da melancia na X edição) têm fomentado o interesse por estes produtos, com reflexos no aumento da produção e, no caso da melancia, em investimentos ao nível da inovação (oferta de uma melancia sem sementes, elemento diferenciador) e da certificação, ao abrigo do projeto Global GAP, factores que lhe garantem maior competitividade e produtividade.

Os recentes investimentos em plataformas associativas, comerciais e logísticas como o InovCluster, o CATAA, a Central Meleira, o Centro Agroalimentar do Ladoeiro e o Banco de Terras para Jovens Agricultores em regime de incubação, são bons indicadores da aposta recente que o Cluster Agro-Alimentar tem conhecido. Muitos destes investimentos estão a ser impulsionados por uma nova geração de agricultores que está a marcar a mudança no sector, possuidora de uma maior qualificação, diferenciação na atividade desenvolvida e produtos comercializados, apoiando-se numa capacidade de organização e gestão reforçada, indutora de um reposicionamento assente em estratégias de exportação com produtos de marca. Também recente, ainda em velocidade de cruzeiro, destaca-se o surgimento de nichos de mercado associados à fileira do figo da índia, medronho e mirtilos, contando já com plantações interessantes e investimentos ao nível de infraestruturas.


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